22 julho 2008

DRAMALHÃO

Lembro-me que com pouca idade, uns oito anos, ficava penalizada ao ver o sofrimento alheio, às vezes inexistente para este alheio mas aos meus olhos...
Sentia muito pelas pessoas de classe social mais baixa que tinham que pegar ônibus, sofria pelas analfabetas, imaginava como seria uma vida sem perspectiva e sofria por seres que nem conhecia e que nem ao menos sabiam que aquela criança sentia algo por eles. Sofria ao constatar a crueza da vida, era o preço a se pagar por ser uma observadora infantil. Conforme fui crescendo, de idade porque de altura não cresci, esse sentimento de amargura foi se intensificando. Aos quinze anos por vontade própria fui estudar em escola estadual. Escondida chorava muito a todo momento e para justificar para mim mesma a razão de tantas lágrimas coloquei a culpa nos sofrimentos reais que presenciava na rede pública de ensino. Nesta época estava com uma viagem de família marcada e sentia tanta angústia que achei que eram maus presságios. Deduzi que morreria na estrada. Naquele tempo a morte me assustava...

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