31 janeiro 2009

Meu amigo toma café bem quente, a língua dele não queima. Eu espero esfriar um pouco porque não tenho a língua do meu amigo, a minha queima.

RESPEITO

Ser humano e preconceitos caminham juntos: racial, social, religioso, sexual, etcetcetcetc Assim como o medo da morte. “fulana morreu, coitada!”. Para uma pessoa que sofre de depressão, a doença, a angústia corrói o peito e não há nada que se possa fazer, natural que uma pessoa nesse estado queira se matar para aliviar esse sofrimento interno, esta insatisfação que é causada pela doença.

REAL

Os exercícios da bioenergética, que é uma linha fantástica da psicologia corporal, me fizeram entrar em contato com meu corpo e toda dor emocional que ele armazenava, inclusive os traumas. Estes relacionados ao meu pai vieram à tona sem pedir licença, me revirando.

TRATAMENTOS

A ignorância nos limita, nos segrega do que o mundo tem de mais incrível. Na minha busca pela melhora da depressão me deparei primeiramente com os tratamentos tradicionais: remédios alopáticos e terapia psicanalítica. Sem resultado. Depois um homeopata, bendito seja ele, foi quem me ajudou a me manter estável durante alguns anos, estabilidade que foi abalada pela cobrança da vida que ficava a gritar: “Se conheça! Não se ignore!”.

AOS DEPRESSIVOS

Não espere um salvador, não espere compreensão, não espere compaixão. Lute por si, busque conhecer a doença, leia a respeito, busque se conhecer e encontre o seu caminho na batalha pela saúde. Se questione, não se faça de vítima, assuma a responsabilidade pela própria vida e pela melhora.

05 janeiro 2009

AHÁ!

Sempre achei que o fato de ter depressão era culpa minha. Nunca transpareci para as pessoas pois sempre aprendi que era preciso ser forte; que o fato de chorar e se sentir triste era equivalente a fazer drama com a vida, o que era errado; e que essa história de psicólogos era frescura. Resultado: vivia em duas realidades, a interna que me torturava com mal estar e a externa que procurava disfarçar ao máximo o que se passava no meu íntimo, já que sentir mal era algo condenável.

01 janeiro 2009

BALANÇO 2008

Foi este ano, 2008, em que após dezesseis anos de negação da minha condição de depressiva eu me aceitei. Como isso aconteceu, não sei. Sempre li muito a respeito de depressão, sempre refleti, sempre observei, sempre conversei com outros depressivos, mas ter informação não implica em transformação. Acredito que comecei a aceitar a realidade e com os pés firmes nela foi mais fácil me equilibrar. Dias desses minha mãe me deu outro livro sobre depressão: "O corpo em depressão" de Alexander Lowen e eu respondi que não aguentava mais ler sobre o assunto. Mas como a maldita não me deixa em paz iniciei a leitura a dois dias e nunca imaginei que um terapeuta tivesse tamanho conhecimento da doença. Ele narra casos de seus pacientes, o perfil dos depressivos, os porquês e tudo realmente faz sentido, ele descobriu o que é a depressão! Finalmente! Minhas lágrimas vem expiar o conteúdo do livro, ainda é difícil ler sobre o assunto, me identificar naqueles relatos, mas difícil mesmo é ter as lembranças desagradáveis de infância sapateando no meu coração, revirando o meu estômago, as relação de pai, de mãe, enfim a realidade dura do passado que passou e virou aquela criancinha do avesso... Porém estou mais esperançosa de um dia estar fortalecida, de um dia terminar de limpar minha casa, me organizar e me sentir bem dentro dela. Ao mesmo tempo que as lembranças familiares nebulosas oprimem meu peito hoje ao ser perguntada sobre minhas irmãs e irmão me dei conta de que conseguimos desenvolver amor uns pelos outros e principalmente respeito, sobrevivemos! E é indo nessa onda familiar do presente que poderei confrontar de vez o passado, fazendo aquela faxina que 2009 promete. Quem sabe um dia venço a depressão, quem sabe...