26 julho 2008

BRANCO

Na faculdade vesti a máscara de "oi estou bem!" e fui para a nova vida. Morava em Águas de São Pedro, uma cidadezinha turística muito pequenina, tinha uns dois mil habitantes, natureza belíssima e águas fedidas para tratamentos de saúde variados. O local tinha uma atmosfera diferente, como diria meu irmão parecia a cidade daquele filme "o Show de Truman".
E mesmo assim diante de tanta paz, dentro de mim só havia guerra. Uma amiga se divertiu relembrando que no primeiro dia de aula ao sermos interrogadas pelo professor do porquê estarmos cursando hotelaria eu respondi: "ah não sei o que tô fazendo aqui, queria é fazer cinema." E eu não me lembro desse pequeno episódio, como não me lembro de muitos desse período da minha vida, que foi a pior fase da depressão aonde ela atingiu o estado grave. Com dezoito anos a crise explodiu e roubou uns cinco anos da minha vida. Uma vez assisti a um comercial em que um menino olhava seu album de fotografias, fotos de criança, adolescente e em uma certa parte do album não havia fotos, as páginas estavam em branco. E ele explicava que devido às drogas perdeu uma parte de sua vida. Me senti exatamente como ele, mas não foi preciso enveredar pelo caminho do vício, bastou ser acometida por uma doença que se hoje é comentada, mesmo que ainda mal compreendida, naquela época era simplesmente sinônimo de piti, preguiça, fraqueza, frescurite, falta de valorizar o que tem, etcetcetc.

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