27 maio 2010

"NOSSA ALIMENTAÇÃO NOS DEPRIME"

O texto abaixo foi traduzido pela minha querida irmã que vive na França.
Realmente notei que estava viciada em açúcar, o que roubava muito minha energia. E sofro de compulsão, não posso ter guloseimas perto de mim de jeito nenhum... Meu amigo me deu vários bombons e enquanto não comi todos não sosseguei, fico parecendo um gremlin quando sei que tem doces por perto... Evito te-los em casa.

"Eu me lembro perfeitamente da minha aula de nutrição na faculdade de medicina. Ela se resumia em 4 pontos:
- as pessoas em sobrepeso deveriam consumir menos calorias;
- os doentes cardiacos, menos colesterol;
- os diabéticos, menos açucar;
- os hipertensos, menos sal.
Fim da aula de nutrição.
Quando eu fiz em seguida minha especialização em neuropsiquiatria, era ainda mais simples: nenhuma palavra sobre a relação entre alimentação e risco de doenças mentais, e sobretudo, nada que concerne a depressão.
Eu levei 20 anos para perceber que um médico como eu sabia infinitamente menos sobre a ligação entre alimentos e saude que um leitor de "Psychologies"!
E contudo, na minha pratica eu encontrei frequentemente pacientes como Brendon, um funcionario inglês de uns 50 anos. Brendon sofria desde a infância de fatiga, dificuldades de concentração, falta de energia e motivação para o trabalho.
Ele nunca tinha se sentido completamente operacional, nem como os outros. Ele vivia desde muito tempo com o diagnostico de "depressão crônica resistente aos tratamentos". Um dia, um médico - mais informado do que eu fui por muito tempo - lhe perguntou sobre sua alimentação. Como quase todos os ingleses, ele comia principalmente carnes, presuntos, frituras, pão branco, croissants, molhos e laticinios, e ele era muito apegado às sobremesas e outros doces.
Progressivamente, seu médico o convenceu de passar a uma alimentação "mediterrânea"; com muitos legumes e frutas, menos carne, mais peixes e infinitamente menos produtos contendo açucar, etc.
E uma manhã, Brendon acordou como se ele vivesse o primeiro dia de primavera: o nevoeiro na sua cabeça havia evaporado, o cançaso havia desaparecido, ele sentia uma leveza no seu corpo que ele nunca tinha experimentado, e que portanto, lhe parecia totalmente natural.
Eu não contaria essa historia a vocês se se tratasse de apenas um caso, nem mesmo de dez.
Mas um estudo veio a confirmar a relação entre o regime alimentar "ocidental" habitual e a depressão.
Pesquisadores do l'INSERM na França, em colaboração com o departamento de saude publica da Universidade College de Londres, mostraram que as pessoas das quais a alimentação é a mais "ocidentalizada" durante ao menos 5 anos, tem quase 60% de riscos a mais de se tornar depressivo*.
Isso se explica provavelmente pelo fato que o açucar, as farinhas brancas e as gorduras animais aumentam os processos inflamatorios no corpo e no cérebro, nos quais as moléculas agem sobre nossos neurônios, nossos pensamentos e nossos humores.
O que é fascinante, no fundo, não é que a alimentação possa ter um efeito tão potente sobre o corpo e a mente, mas que tenha sido necessario alcançar o fim de 2009 para que tal estudo seja publicado em um grande jornal médico internacional.
Ha ainda muito caminho a percorrer para que as aulas de nutrição dignas desse nome façam parte da formação dos médicos. Durante os anos a vir, eu temo que os leitores de "Psychologies" devam ainda contar com suas proprias leituras para fazer de suas cozinhas um atelier de boa saude."

Fonte: Psychologies (revista mensual) março, 2010.


- Autor: David Servan-Shreiber (neuropsiquiatra, autor de "Curar"; fundador e diretor de um centro de medicina integrada da universidade de Pittsburgh- EUA.)

* "Dietary pattern and depressive symptoms in middle age" de T.N. Akbaraly e al., in The British Journal of Psychiatry, novembro 2009.

Demorei para perceber que nunca gostei de carne e que não me fazia bem. Como cresci a vida toda ouvindo que era preciso comer a maldita carne acabei cedendo por inércia. Depois descobri que não precisava e achei diversos livros bacanas, como o que está ao lado (baixe gratuitamente aqui!), que desmistifica a alimentação vegetariana. E essa revista sobre alimentação também é excelente Falo isto porque vai que alguém passa pela mesma situação que eu e fica comendo carne sem gostar, só porque é costume da maioria.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu sempre odiei carne, também. Até hoje consumo muito pouco e por uma questão de cultura, mesmo. E nunca liguei muito para doces, até que, não sei quando, isso se tornou uma compulsão. É perceptível o quanto afeta. Mas passo o mesmo que vc: não sossego até acabar com tudo!
Hj mesmo agendei um post no comédias onde falei sobre isso; não fumo, nunca experimentei drogas, não consumo álcool, mas não deixo de ter minha ferramenta de autodestruição: Trash Food!!

Como vc diz: mierda! =)
Bjs
Carina