A mãe disse: "você tem que lutar, se esforçar com afinco para melhorar!". E ele se esforçava... A cada manhã, quando escovava os dentes, lá estava pregado no azulejo, bem a sua frente, um bilhetinho com frases edificantes, posicionado estrategicamente pela sua amada mãe.
A mãe o levou a uma psiquiatra que recomendou sessões conjuntas com os pais. Foram todos. Ele fez uma pegunta para a terapeuta e ela respondeu: "você realmente quer melhorar?".
Ele queria, lutou, se esforçou, mas não conseguia mudar por mais que tentasse, ele simplesmente não conseguiu ir contra sua essência, sua natureza. Percebeu que aquele modo de ser era dele e que não havia nada de errado naquilo, afinal não fazia mal para ninguém. A mãe continuou a não aceitar o próprio filho e vendo que este já não mais lhe obecedia, abriu mão de apoiá-lo pelo que ele era.
Ele era gay, essa história é verídica. Foi preciso ele se suicidar para que a mãe despertasse. Ela que havia sido vencida pela ignorância e fé cega em uma bíblia que foi escrita por homens, talvez até mesmo gays, quem sabe? E o que importa? Ela deixou seu amor materno de lado em nome de um livro grande, ela deixou se se escutar em nome da palavra de outrem.
A ignorância afastou mãe e filho e nesse afastamento minou a auto-estima do menino, que por mais que tenha ido buscar a convivencia com pessoas de cabeça aberta, ainda assim o fato de não ter sido aceito pela família por ser quem ele era, lhe deixou marcas profundas.
A idade em que ele teve que lidar com este fato de modo escancarado foi praticamente a mesma que eu tive que lidar com a questão de ser depressiva. Assim como ele sofri muito preconceito, assim como ele queriam que eu acreditasse que aquilo simplesmente não era parte da minha vida, assim como ele tentaram anular meu ser. Assim como a mãe dele, espero um dia ver os preconceitos acabarem, pois eles custam vidas, eles enfraquecem o amor.
18 maio 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Preconceito se sofre todos os dias. Mas, graças a Deus, para minha família, pelo menos, deixou de ser frescura. Quando brigávamos, era jogado na minha cara meu pânico. Eu era a hipocondríaca cheia de pitis. Mas ainda vem os conselhos da mãe, falando que eu tenho q fazer isso ou aquilo, como se fosse fácil acordar todos os dias, me deparar comigo mesma e com minha esposa, a distimia, e falar: sim hj vou mudar tudo de uma vez. Ainda não entendem que é um passo por vez, às vezes um pra trás, mas que o importante é não desistir. EUQUERO FALAR PRO MUNDO PARAR DE TER PRECONCEITO, DROGA!! CHEGA!!
Beijins...
Achei a história deste filme comovente. Deveria ser exibido nas escolas. Um dia a minha mãe me disse que depressão era falta de Deus. Ontem fui visitá-la e percebo que, por conta de seu divorcio, ela está muito melancólica. Dai em determinado momento lhe perguntei: "O que a senhora tá sentindo mãe?" - E ela respondeu: "Melancólia, solidão... E quem sabe, depressão. Já faz um bom tempo que estou assim."
Obvio que depressão é uma doença e não um estado de espirito. Mas as pessoas julgam demais as coisas, dizem que não existe, até se verem na dor dela.
é meus amores...
eu tento fazer minha parte, diminuir os meus preconceitos, mas qdo vejo ops... lá se escapuliu um!
bj
Postar um comentário