15 julho 2008

BEBUM DE 12


Quando comecei a estudar de manhã, aos 12 anos, o despertador tocava as seis horas e eu levantava com muito sacrifício, o que é comum a quase todo ser humano obrigado a pular da cama a esta hora da manhã. O que não é normal é a sensação que me acompanhava todos os dias no momento do café da manhã: uma angústia, um peso, uma tristeza tãaaao triste. E eu lá sem saber lidar com aquilo, achando que era natural se sentir mal daquele jeito.
 Tal situação cinzenta fez com que eu evitasse a escola. Pulava da cama, colocava o uniforme, tomava meu leite com nescau e canudinho, me escondia no closet atrás das roupas dependuradas, penduradas como a angústia em meu coraçãozinho pré adolecente e lá cochilava saindo somente depois que minha mãe já estava no trabalho. Implorava para a Neusa, a querida doméstica que cuidava do lar, que não contasse nada a ninguém. Acho que ela ficava com pena daquela criançona perdida e mantinha silêncio. Foi nessa época que comecei a beber água que passarinho não bebe, só borboletas errantes. Aos doze anos ficar bêbada era algo natural para mim. Não, não me tornei alcoólatra. Sim, bebia escondida, às vezes até na companhia das minhas irmãs mais velhas. "Oh, que horror!", algumas pessoas pensam. No entanto sentir uma tristeza dilacerante e crônica aos doze anos de idade é perdoável mas beber álcool...

3 comentários:

Veneno Bipolar disse...

Oi Anna.
Sou Laura (pseudônimo), tenho 29 anos e fui diagnosticada com TAB tipo 2 há 3. Encontrei seu blog através do Bipolar Brasil e quis começar a ler pelo começo, para conhecer a história de alguém com esse problema desde o início.
Engraçado é que lendo esse post me lembrei claramente (isso é bem raro, minha memória é péssima, esqueço TUDO o que vc imagina) que desde os meus 5-6 anos eu sentia esse mesmo peso ao ir pra escola.
Chorava sem motivo, abria o berreiro, soluçava, perdia o fôlego.
Minha mãe, ocupada demais cuidando da casa, de mais 2 filhas e se roendo na raiva do marido que passava a semana na capital trabalhando (e bebendo) e voltava pra casa no fim de semana, olhava pra mim e perguntava: o que foi? que cê tem? Eu dizia: eu não sei!!!
E ficou por isso mesmo...
Bom, daí a coisa caminhou... você pode imaginar, né?
Estou contando também no meu blog, espero manter contato com você!
Obrigada pelo apoio que você dá a todos os bipolares.
Fique com Deus

Ana Maria Saad disse...

oi laura!
tentei entrar no seu blgo mas nao consegui!!!
talvez pq tenha dmorado pra entrar no meu!!!
vc ta bem?
mande noticias!!!!!
bjoka

Ana Maria Saad disse...

e ta vendo! ninguem adoece a toa!!!!!
ambiente familiar geralmente é o que dispara essas doenças!
aff! viva a familia poço de neurose!
hihihihi