30 julho 2008

MATAR AULA

Após alguns poucos meses de Faculdade, crises de choro repentinas e incontroláveis passaram a querer assistir as aulas comigo, porém com elas eu era obrigada a sair correndo porta afora. Estava muito confusa, não conseguia mais controlar meu próprio corpo! Dormia em quase todas as aulas, sono profundo que produzia babas.
Este atestado de falta de educação de deitar a cabeça na carteira e ignorar o professor, fazia com que alguns se irritassem, outros me ignoravam, já que sabe Deus como eu me saía bem nas provas e chorava muito. Este incoveniente de chorar em sala era motivo para juntar minhas coisas e sem graça aos prantos me mandar. As lágrimas vinham do nada, aquele choro de tremer queixo que a cara toda se desfigura. E eu não conseguia segurar! Meus colegas de sala claro achavam estranho. Me lembro que uma menina chamada Andréa um dia me falou carinhosamente: "Não sei o que você tem, mas se precisar de qualquer coisa conte comigo!" É, assim como Andréa eu também não tinha a menor noção do que eu estava enfrentando. Havia uma turma de meninas do fundão muito engraçada das quais não era muito próxima, em uma dessas minhas crises chorosas, sim porque elas começaram a acontecer com certa regularidade, me impedindo de ficar na sala de aula , uma dessas palhacinhas saiu atrás de mim. Estava no estacionamento indo em direção ao meu carro me debulhando em lágrimas com queixo tremendo e tudo decidida a me assassinar porque não me aguentava mais, era muito sofrimento, eu era o caos, quando esse anjinho me parou, me abraçou e comovida me falou algumas poucas palavras. Fui embora e quando olhei pelo retrovisor lá estava ela com minhas outras amigas me seguindo. Foram todas para casa, eu me deitei na sala elas ficaram lá fofocando, rindo, me trouxeram chocolate e me deixaram no meu canto. Mas estavam ali, sem julgar, sem exigir explicações, sem dar soluções, somente ali matando aula e doando vida. Quando fiquei lúcida de novo enxerguei a importância que esses gestos de amor tiveram na minha vida, na vida de uma depressiva.

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