27 setembro 2008

DE VOLTA

Tratamento desesperançoso com bolinhas homeopáticas. Antes dos meus 23 anos, no início dos tratamentos para depressão sempre ficava na expectativa da melhora que não vinha. Com a experiência veio também a descrença. Portanto comecei a tomar a medicação sem esperar absolutamente na-da. Meu namorado ao contrário, estava recheado de fé e medo. Confidenciou-me que ficava receoso com minha melhora, talvez eu me sentindo bem não quisesse mais o relacionamento.

25 setembro 2008

MILÉSIMO TRATAMENTO?


Tinha uns 23 anos, havia me formado na faculdade não sei como, trabalhado na área, mesmo com tamanho mal estar interno, para ter a certeza de que do curso de hotelaria a única vontade que havia me restado era a de ser hóspede em hotel. Após inúmeros tratamentos fracassados para depressão, um amor de namoro amoroso, a família que ainda não entendia direito o que se passava iniciei um novo tratamento homeopático,

23 setembro 2008

FIRMEZA!


Decidi: quero ser feliz. Sim, tenho uma limitação chamada depressão, tenho momentos em que o mal estar me corrói, sei que talvez nunca fique curada dessa doença, mas o que é esse nunca? A vida é impermanente e apressadamente fugaz, o próprio "nunca" já foi e voltou. Se a depressão me conceder cinco segundos de liberdade, seja em um dia ou em um mês, será nesses cinco segundos que trarei a felicidade, e por cinco segundos vou vesti-la e por cinco segundos minha alma se aquecerá. Quero ser feliz!

20 setembro 2008

MÉDIUM


Durante minhas crises agudas fui até uma cidadezinha, São Pedro, visitar uma médium, precisava de uma luz para saber o que fazer comigo. Ela era uma lavadeira, simples, daquela simplicidade que enche o coração de paz e que me fez (e faz) sentir: meu Deus como tenho que evoluir para chegar a esse estado íntimo de serenidade!

NAMORO


Aos dezenove anos era estudante de faculdade, depressiva, suicida em potencial, com inúmeras tentativas em vão de tratamentos no currículo bem como um namorado. Em meio aquele nevoeiro causado pela doença não conseguia enxergar muito a minha vida, nem o caminho sendo percorrido. O namorado se tornou meu porto seguro, ficamos muito amigos, confidentes.

11 setembro 2008

SUICÍDIO


O suicído era uma escultura tão enorme e imponente que nem conseguia enxergá-la. Ela estava lá, podia apalpá-la acreditando ser apenas uma massa de cimento. Somente agora sobrevoando meu passado avisto sua forma. É dele!
Se de fato tivesse tido sucesso nas tentavias suicidas jamais os entes queridos saberiam da aflição que dirigia minha vida a ponto de exterminá-la. Seria mais um daqueles casos em que as pessoas dizem: "nossa fulana se matou do nada!". Não, ninguém se mata do nada, ninguém desiste desta chance assim, por puro capricho. Os suicidas em potencial adiam suas partidas até onde os nervos aguentam, talvez incoscientemente buscando um motivo para ficar, mas diante de tantos outros para partir a maioria vence e assim o fato é consumado. As aparências enganam, o universo íntimo é misterioso até mesmo para seu dono, quanto mais para os olhos alheios. E às vezes basta ser sugado por um buraco negro para desistir.

08 setembro 2008

ESPERANÇA DA RUA

Estava me sentindo muito cansada, sem energia, angustiada, enfim estava sendo atacada pelos sintomas da depressão. Estacionando o carro avistei pelo retrovisor um rapaz estilo malandrinho se aproximando. Ele parou atrás do veículo e iniciou a interpretação de ajudante de manobrista. Pensei: "ai que saco esses caras de rua que ficam mendigando!, não tô a fim de falar na-da! E ele vai me obrigar a falar, porque vou ter que explicar que não tenho dinheiro só cartão! Justo agora que eu não queria falar na-da! Que saco esse cara! Que saco!".

03 setembro 2008

SUICÍDIO DOIS

Tem ficado cada vez mais difícil continuar este desbravamento pela minha história da depressão. E ainda há tanto que preciso relatar, ou melhor, desabafar... Dezenove anos, segundo ano de faculdade. Estava no intervalo da aula deitada em uma mureta, ardia em febre e tinha a angústia grudada na barra da minha calça, a puxá-la de modo bastante irritante. Fingia estar tudo bem porque não queria levantar suspeitas, mas já havia decidido sair de fininho, não queria a tropa da amizade atrás de mim.

AMOR GG

Filme: A vida dos outros

Onde há amor, não há impotência! Ele já é tão potente por si só que sem esforço atua, nos dando a impressão de nada estar fazendo já que age suavemente, sem ruídos.

AMOR

Na Faculdade a depressão estava grave, fazia muita, muita força para viver os meus dezenove aninhos. Como lidar com o fato de ter uma doença tão invisível facilmente associada a preguiça, frescurite, mimo, falta de dar valor ao que tem, chilique, etc etc etc...? Passei a ser atriz, um lado meu queria muito ser aceita, consequentemente fingia que estava tudo bem.

02 setembro 2008

XIXI FOSFORESCENTE?


Já melhorei e já piorei. É assim com esta doença. Remédios novos e vitaminas. Muitas para ver se ganho energia. Comecei a tomar hoje uma vitamina nova que faz meu xixi ficar amarelo fosforescente. Sei que isso é super íntimo e desnecessário de ser comentado, mas precisava desabafar que agora além de depressiva médium suicida em potencial faço xixi amarelo fosforescente. Tô com medo de olhar para meu cocô. Chega desse desabafo escatológico!