24 março 2011

BIPOLAR OU DEPRESSIVO?

Sempre desconfiei e até hoje desconfio que possa ser bipolar, pois fiquei anos tentando vários remédios para depressão e só piorava, o que me levou para os tratamentos alternativos. Até dediquei uma parte no site Pensamentos Filmados à bipolaridade. Hoje a querida Carina me mostrou essa matéria sobre bipolaridade  e ela disse assim que "Segundo o estudo, esse transtorno é mais incapacitante do que cada um dos tipos de câncer, e mais até que Alzheimer. Bipolares sofrem por mais anos com os prejuízos do transtorno, em comparação aos outros doentes."

Mais da metade dos bipolares não recebe tratamento


POR GUILHERME GENESTRETI

"Mapeamento mundial sobre transtorno bipolar mostra que menos da metade dos doentes recebe tratamento.

A pesquisa avaliou mais de 60 mil pessoas em 11 países como Brasil, EUA e China, das quais 2,4% apresentavam o transtorno. O resultado foi publicado no "Archives of General Psychiatry".
Os pesquisadores escolheram amostras aleatórias em suas regiões e fizeram entrevistas com base em critérios da Organização Mundial da Saúde para o diagnóstico.
O transtorno bipolar é caracterizado por oscilações de humor entre euforia (ou mania) e depressão. Pode causar irritabilidade, agressividade e ideias suicidas.
BRASIL
Apesar da gravidade dos sintomas, só 42,7% das pessoas diagnosticadas no mapeamento estavam sendo tratadas por um especialista. No grupo de países que incluía o Brasil, esse índice era ainda menor: 33,9%.
"A pessoa não tem acesso ao sistema de saúde, ou acha que os sintomas são resultado do uso de drogas", diz a psiquiatra Laura Helena de Andrade, coordenadora de epidemiologia do Instituto de Psiquiatria da USP e responsável pela coleta de dados na Grande São Paulo.
Segundo ela, é comum um bipolar receber diagnóstico de depressão, porque a manifestação de euforia pode ser mais leve. "E é muito mais comum a pessoa só ir buscar tratar a depressão, porque ela incomoda mais. Mas, se o médico ministrar antidepressivos, pode desencadear episódios de mania, com aumento da irritabilidade", diz.
Segundo o estudo, esse transtorno é mais incapacitante do que cada um dos tipos de câncer, e mais até que Alzheimer. Bipolares sofrem por mais anos com os prejuízos do transtorno, em comparação aos outros doentes.
O dado foi extraído de um relatório da OMS segundo o qual a bipolaridade representa 0,9% das doenças incapacitantes, logo à frente do Alzheimer, com 0,8%.
"A pessoa já começa a ter problemas na adolescência ou no começo da vida adulta e, ao longo do tempo, vai perdendo habilidades como capacidade de raciocínio, memória e concentração", diz o psiquiatra Ricardo Moreno, que coordena o programa de transtornos afetivos do Instituto de Psiquiatria.
O psiquiatra Eduardo Tischer, da Unifesp, acrescenta: "A doença é crônica, e leva meses para que o paciente consiga se restabelecer. Enquanto isso, ele sofre prejuízos no trabalho e suas relações familiares pioram".
O não tratamento só piora os sintomas. "A pessoa tem mais chances de recorrer a drogas, álcool e de cometer suicídio", afirma Tischer."

4 comentários:

Sérgio Paffer disse...

Este texto mostra-nos a importância de uma campanha maciça de divulgação sobre as diversas doenças mentais,como depressão,bipolaridade,esquizofrenia e afins e da necessidade de uma melhor capacitação pelos profissionais da área médica,que são aqueles que estão habilitados pra dar os diagnósticos dos doentes que lhes procuram.Ora,se a depressão e a bipolaridade têm sintomas semelhantes e diante de um médico,por um mau diagnóstico,passa-se um anti-depressivo pra uma pessoa que está com distúrbio bipolar,e como foi dito"ocorre o risco da pessoa manifestar um quadro de mania" isso é muito grave.Qual o impacto que isso pode ter na vida dessa pessoa?E se durante uma crise de mania ela fizer algo contra si ou outrem,visto que a medicação que lhe foi prescrita não trata disso.Mais uma vez eu afirmo:as pessoas estão fazendo a área de saúde porque tem trabalho(algo muito coerente e digno,pois todos precisamos ganhar nossa vida)mas o objeto deste trabalho é a vida,é um ser humano,não é um n.de um prontuário,apesar de muitas vezes às pessoas serem tratadas dessa maneira,principalmente nas classes mais humildes.É preciso uma ampla e profunda reforma na política de saúde mental no Brasil,porque as doenças mentais aumentam exponencialmente,enquanto que o acesso a PROFISSIONAIS DE QUALIDADE E COM A DEVIDA FORMAÇÃO NECESSÁRIA é cada vez menor.Além disso,os profissionais que trabalham em hospitais públicos recebem uma remuneração péssima em relação à importânicia do trabalho que desempenham,que tem até uma função social.Volto a questionar:não há um excesso de faculdades de medicina?Qual a qualidade do ensino aí transmitido?Também coloco aqui a necessidade de se colocar uma cadeira de psicologia no curso de Medicina,pra que estes profissionais,não caiam no conto do vigário de que "são deuses","têm a última palavra" e principalmente PRECISAM SE HUMANIZAR.Pois vão lidar com pessoas e acho que se alguém se propõe a trabalhar na área de saúde,o principal requisito,além de muito estudo,pesquisa constante,É GOSTAR DE GENTE.Portanto,eu,como livre pensador,cidadão e terapeuta na área de saúde integrativa lanço essa reflexão e campanha aos meus pares e a todos que trabalham na área de saúde,quer seja na área de saúde convencional ou integrativa:"SE VOCÊ NÃO SENTE,NÃO DEVERIA CUIDAR DE GENTE".Se vc não se dispõe a tratar com humanidade,competência,um paciente,considere a possibilidade de mudar de área,há tantos caminhos no mundo,deixe o ofício de cuidar dos outros para aqueles que são realmente vocacionados,porque vc pode ter Q.I.,inteligência,ter cursado as melhores faculdades daqui ou do exterior mas "ainda que eu falasse a língua dos anjos e falasse a língua dos homens sem amor eu nada seria".Títulos não substituem uma escuta atenta,uma palavra amiga,um olhar nos olhos do seu paciente que lhe procura num momento de fragilidade.E isso as faculdades não ensinam.Vocês não são deuses.São seres humanos,e como tais,falíveis,pois esta é a condição humana e o perigo de se acreditar que é um Deus,alguém acima do bem e do mal pode ser uma megalomania e um delírio e muitos de vocês já estão começando a pirar.E aí?Respeito a classe médica e desejo de coração que ela um dia desperte dessas fantasias auto-impostas.Sempre é tempo.Obrigado pelo espaço.Digo isso com conhecimento de causa,pois sou depressivo e há 20 anos convivo com psiquiatras e tenho toda condição moral e de experiência de me colocar enquanto paciente e sou solidário a todos meus irmãos que enfrentam o desafio de lidar com uma doença mental e muitas vezes saí de um consultório médico pior do que entrei.Um grande abraço pra todos.

Ana Maria Saad disse...

sergio!
assino embaixo!
e realmente é dificil qdo esses medicos recebem uma mixaria! a classe deles jajá estara como a dos professores: mau remunerados!
e os titulos... veja o que aconteceu com aquele "super medico conceituado" no brasil e exterior, que alem de fertilizar as mulheres como lhe dava na telha, ele ainda abusava delas! um homem que era imensamente respeitado pela nossa society!
bjoka

Unknown disse...

ola!
Me chamou a atenção o comentário final do Ségio sobre sair do consultório pior do que entrou...Os psiquiatras não estão preparados para tratar o paciente bipolar. Estamos ali marcados como PSD e pronto. Até alguns mais novos que eu fui encontrei dificuldades para dizer, eu tenho ESPECTRO BIPOLAR, e nem por isso sofro menos.Mudou a nomenclatura mas o estigma continua o mesmo, seja bi, seja espectro. O problema é que não existe tratamento especifico para aqueles que tem o espectro, e só agora em 2010 se não me engano ele (espectro) entrou na tabela de classificação de doenças. tenho alguma dificuldade com datas mas sei que NINGUEM gosta de tratar da gente. Lendo recentemente o livro do Dr Diogo Lara, temperamento forte e bipolaridade eu aprendi de mim mais do que 5 anos fazendo tratamentos sem diagnóstico preciso ( alias, eu até quis emprestar pro grosso do meu psiquiatra mas ele não quis).Alguns me acham borderline, alguns me acham fresca. Eu me acho uma sobrevivente, uma tentativa de suicidio, depressão fortissima por anos, vazio e dor...Somente ano retrasado fui diagnosticada como bipolar,por um excelente médico mas que eu não posso pagar, ele só me assiste meio de longe e hj levo na boa. Qdo estou bem estou bem, qdo não estou, não estou. Tomo meus remedios, tento levar a vida na boa qdo a depressão não vem e me faz ficar dias chorando, assumi ser bipolar, apesar dos olhos arregalados de todos qdo digo sem medo nem vergonha...pra que esconder? eu sofria mais. Hoje quero saber mais de mim, quero levar o que sei pra quem ainda não sabe, quero dizer pras pessoas, existe esperança, se encontre, procure saber de vc, da pra viver nesse mundo ainda, é dificil, mas dá

Ana Maria Saad disse...

ai cidinha é fogo, né! o povo ao inves de explorar os tratamentos disponiveis e ajudar a gente a ter bem estar ficam se preocupando com as nomenclaturas... ja ta tdo distorcido!
e que historia a sua, hein! somos sobreviventes mesmo!!! e da mesmo pra viver, basta a gente se aceitar e nao ficar querendo se encaixar na vida "normal"! admiração por ti!!! c cuide! bjoka