Após relutar muito em ligar para minha mãe para contar sobre a depressão, me dei por vencida. Ela junto com meu irmão foram me buscar em Águas de São Pedro. Na cidade natal fui à uma psiquiatra e iniciei terapia, não gostava, mas estava topando tudo para melhorar e assim iniciamos a busca pelo remédio adequado para a minha depressão, o qual demorou em torno de cinco anos para ser achado. Tomava um medicamento novo pelo tempo necessário, piorava, tinha reações adversas.
Remédio suspenso, iniciava outro, mais reações, mais pioras. Era do contra: remédio que fazia engordar para mim emagrecia, remédio que induzia ao sono me causava insônia e assim meu organismo reagia de maneira oposta. Eu só faltava babar, estava realmente fora do ar, não tenho lembranças claras dessa época, as sensações sim e alguns momentos muito marcantes. Na minha apatia lembro que o telefone tocou e ouvi minha mãe dizer que não era câncer o que eu tinha só uma depressãozinha. Se aquela era "inha" Deus me livre da "ona"! Mas compreendo, minha mãe não entendia, aliás deve ser muito difcícil para alguém que não tem ou não teve a doença compreender um depressivo. Os "saudáveis" acham que é só uma tristeza, uma angústia que passa tomando uma cervejinha, ouvindo boa música, saindo com amigos, se distraindo, não entendem que para um depressivo não há distração, tudo é negativo, tudo é pesado, tudo é melancólico, triste, sofrido... A vida é a vilã, internamente é sangue escorrendo, é ferida escancarada com moscas a sobrevoar. Mas entendo que a doença depressão ainda seja tão incompreendida, é doença das emoções, muitas vezes encalacrada na alma.
05 agosto 2008
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