01 agosto 2008

RIR PRA NÃO CHORAR

Na Faculdade, mesmo sabendo que aquela angústia aguda que recheava meu mal estar era depressão, continuava muito perdida e sofrendo horrores. Sentia um peso tão pesado na alma, o equivalente a um lutador balofo de sumô. Fazia duas semana que havia mudado com mais duas amigas para uma casa novinha com vista para uma lagoa, lá montamos nossa república batizada com nome de pinga.
 Da janela dava para contemplar as capivaras e o pôr do sol belíssimo, realmente amar a natureza é fácil. Em alguns momentos do dia até tinha uma trégua do mal estar e foi em um desses minutos que recebi uma recomendação estranha do filho do dono da casa. Estava na papelaria quando o encontrei e ele não dizia coisa com coisa até falar claramente: "melhor você ir para casa!". Saí da loja, entrei no carro das meninas e contei o ocorrido. Era umas sete horas da noite e ao avistar a rua da nossa república notamos um carro de polícia com sirenes ligadas, bem como um carro dos bombeiros. Onde há fumaça há fogo e gente! Meu carrinho Corsa descansava na garagem e ao adentrar o portão um policial me abordou dizendo: "fique tranquila que o incêndio não foi proposital". Que bom ninguém estava tentando nos matar! E emendou: "ainda bem que o fogo não atingiu este veículo senão teríamos uma explosão!" Pensei: "seria muito azar este carro explodir sem a minha pessoa dentro!". O incêndio foi causado por um curto circuito na geladeira que só não reduziu a casinha à pó porque os pedreiros da construção da frente arrombaram a porta e entraram com uma mangueira. Assim a casa ficou alagada, cheia de fuligem e a cozinha preta.Ri muito e me diverti com tudo, foi um momento em que a trsiteza me deu paz. Por algumas horas fizemos muitas piadas e senti um fiozinho de alegria, até fui com uma das meninas em uma padaria para buscar um lanchinho equanto esperávamos instruções do tipo: qual melhor ponte para nos acomodar. Ao chegar na padoca a dona nos olhou com cara de quem viu assombração e perguntou: "o que aconteceu meninas?". Pensei em como as pessoas eram fofoqueiras, a cidade toda já sabia do ocorrido? Na verdade quando olhei para a minha amiga e vi seu rosto cinza entendi tudo. Fui para o banheiro e ao me ver no espelho em estilo soldado de exército camuflado de piche gargalhei para logo em seguida chorar. Não sabia mais lidar comigo, nem com as pessoas. Uma das minhas amigas exigiu que nos déssemos apoio no momento sem-teto, mas eu só conseguia me isolar.

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