16 agosto 2008

DROGA

Nunca usei drogas, sempre soube da minha forte tendência ao vício e compulsão, o que mantinha afastada até mesmo a curiosidade de experimentá-las. Como tudo tem sua primeira vez... Em um dos finais de semana que estava em Águas de São Pedro sozinha na minha república estudantil, simplesmente não me aguentava mais, a depressão estava me torturando. Lembro que fiquei assustada por ter ficado horas deitada no chão da sala chorando e de repente não tinha mais lágrimas!
Eu chorava mas não saía águinha de lugar algum. Nunca na minha vida pensei que aquilo fosse possível. Diante desse mal estar me levantei e fui bater na casa de um moço que eu sabia que vendia drogas. Era ele que fornecia para alguns conhecidos, logo fui atrás dele, precisava amenizar aquele mal estar. Internamente sentia como se eu estivesse nadando no mar cheio de ondas fortes, uma vinha me derrubava e assim outras vinham logo em seguida e eu nem tinha tempo de levantar, muito menos respirar e ao mesmo tempo não morria afogada. Bati na porta do vendedor, ele abriu, parecia muito bem, bem melhor que eu! Pedi com dinheiro na mão, como se fosse bandeira no mastro: "quero cocaína!". Ele olhou me medindo, virou de costas, voltou-se para mim, olhou novamente e disse algo assim: "Vai pra casa, isso vai passar!" Eu repeti: "cocaína!". Vi piedade em seus olhos e desabei, deveria estar realmente péssima, boa parte da cidade estava a par do meu estado. Ele repetiu: "vai pra casa, você não é desse tipo que usa, só vai piorar!", E bateu a porta na minha face. Fiquei tão revoltada, me senti um joguete, como se o jogador que me controlasse fosse sarcástico e irônico. E não chorei, afinal nem lágrimas tinha mais!

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