Quando tinha uns 9 anos fiquei doente, uma febrezinha, um mal estar nada grave.
Lembro nitidamente que deitei no chão da sala, no carpete aquecido pelo sol bem próximo do batente da porta dupla que dava para uma varandinha. Do meu lado a cachorrinha vira-latas ranzinza e ranheta descansava. Dizem que os bichinhos de estimação "puxam"os donos, realmente eles absorvem muito da dinâmica do ambiente. Isto quando não puxam o dono literalmente falando, como um doberman que tivemos. Era impossível levá-lo para passear.
Mas voltando ao meu estado, eu chorava, me sentia angustiada e ao mesmo tempo me observava e sabia que um dia me lembraria nitidamente daquele momento. Minha mãe se aproximou, zombou com um certo desdem e carinho de minha postura chorosa e saiu.
Então dramaticamente eu me deitei atravessada na porta do quarto dela, fingindo estar desmaiada. Diante da demora dela em aparecer, desisti. Me observava e sabia que registraria os acontecimentos desse dia de infância, a vida toda foi assim, era como se houvesse uma parte de mim que só assistia.
Hoje em dia depois de muito praticar meditação, ler sobre psicologia, física quântica, etc,etc,etc vi que tal observadora era muito natural e é o que ajudou e me ajuda a viver minha vida.
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