26 agosto 2009

Clínico diagnostica apenas 47% dos casos de depressão

14/08/2009 por JULLIANE SILVEIRA da Folha de S.Paulo,
 "Uma meta-análise de 41 estudos de dez países (envolvendo mais de 50 mil pacientes) mostra que somente 47% dos casos de depressão são diagnosticados no atendimento primário (durante uma consulta com um clínico-geral, por exemplo) e que há falso diagnóstico da doença em 20% dos casos. O estudo, publicado na edição on-line do "Lancet", avaliou trabalhos desenvolvidos em países europeus, além de nos EUA, no Canadá e na Austrália.
"Essa questão [do diagnóstico] tem gerado um debate duplo. Existem afirmações de que a depressão é subdiagnosticada, e há a posição contrária -segundo a qual a depressão é exageradamente diagnosticada pelo fato de os pacientes tenderem a se identificar como deprimidos e os clínicos do atendimento primário aceitarem isso", afirma o psiquiatra Marco Antônio Brasil, integrante do conselho consultivo da Associação Brasileira de Psiquiatria. O número de afetados pela depressão no Brasil segue dados mundiais: 12% dos homens e 20% das mulheres terão a doença em alguma fase da vida. Em geral, nos serviços de atenção primária a incidência de depressão varia de 10% a 15% dos pacientes avaliados. "É uma taxa muito elevada, um problema de saúde pública. Em ambulatórios de cardiologia, os índices sobem para 20%", diz o psiquiatra Renério Fráguas Júnior, supervisor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. O falso diagnóstico pode ocorrer quando o paciente apresenta sintomas facilmente confundíveis com depressão -caso de uma tristeza profunda por uma perda importante ou estresse. Isso pode levar a tratamentos desnecessários. "Quando há treinamento, pode ocorrer excesso de diagnóstico. Mas mesmo pacientes [sem a doença] com alguns sintomas depressivos podem ter a qualidade de vida comprometida, com mais dificuldade para tomar decisões ou para se concentrar, por exemplo. Isso não quer dizer que tenham de tomar remédio, mas que eles precisam ser cuidados de alguma forma", pondera o psiquiatra.!"

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