08 setembro 2008

ESPERANÇA DA RUA

Estava me sentindo muito cansada, sem energia, angustiada, enfim estava sendo atacada pelos sintomas da depressão. Estacionando o carro avistei pelo retrovisor um rapaz estilo malandrinho se aproximando. Ele parou atrás do veículo e iniciou a interpretação de ajudante de manobrista. Pensei: "ai que saco esses caras de rua que ficam mendigando!, não tô a fim de falar na-da! E ele vai me obrigar a falar, porque vou ter que explicar que não tenho dinheiro só cartão! Justo agora que eu não queria falar na-da! Que saco esse cara! Que saco!".
Abri a porta do carro, arrastei meu corpito para fora e enquanto andava fui logo falando: "iii moço não tenho nada, nem esperança!". Assustei a mim mesma com tal desabafo, nem eu acreditei no que havia falado. Ele respondeu alegremente: "Que isso moça! É preciso ter fé! A gente pode perder até a Copa do Mundo mas a esperança não!". Diminuí o passo, olhei para trás e sorri. Pronto bastou este ato para encorajá-lo a passar de ajudante de manobrista à animador de platéia. Ele continuou a falar bem alto que eu precisava de fé, que eu melhoraria e que a vida é linda sim mesmo quando é feia. Agradeci e ri. Horas depois retornei ao carro e me deparei com uma florzinha colocada estrategicamente no pára-brisa. Sorri e ri. Ri de mim, ri da depressão, ri da vida e do meu coração que começava a endurecer quando a esperança ameaçou abandoná-lo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo gesto deste solidario humano que se agarra à vida sem se importar como e porque ela é.
Simples, ela ja esta ai: enquanto houver vida, haja esperança!
Agarremos nos à vida também!!
Beijos mil e saudades minha flor.