Uma lembrança caiu com tamanho estrondo na minha cabeça que até galo formou. Depois que terminei a faculdade de hotelaria, insisti em dar uma chance para a minha pequena porção hotelária otária e trabalhei um ano na área. Debandei, me mudei para Marília interior de SP e só a depressão pode explicar o que um depressivo apenas pode experimentar, resolvi virar sacoleira. Vinha para SP e também viajava para Maringá no Paraná em busca de mercadoria, roupas e bijuterias, para revender.
Meu físico fazia isso, porque a alma já havia se mudado para o lado de lá. A memória aguda que me cutucou foi uma cena que vivenciei nessa época de 25 de março e Brás. Já estava em Marília, meu namorado na época dirigia, eu absorta na minha distração dolorida, pesquei os dizeres de uma faixa pregada de um poste a outro que tinha como alvo pessoas que se sentiam sozinhas e precisavam desabafar. O telefone para contato estava impresso, fiz força para decorá-lo, juntamente com o nome da instituição: CVV, Centro de Valorização da Vida. A tentativa de memorizar os números foi em vão, a impressão que este momento me causou me balançou. Tive realmente a intenção de ligar e descarregar verbalmente o que me atormentava para um desconhecido. Eu, que tinha amigos, família e um namorado, precisava desabafar anonimamente. A dificuldade da comunicação, falamos tanto e tão pouco dizemos... E falamos muito porque o silêncio é desconfortavelmente ameaçador. A uns dois anos atrás fui me voluntariar no CVV, trabalho bacana que eles fazem, desisti não conseguia ainda nem me ouvir...
16 outubro 2008
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oI, Alyson! Sou jornalista da TV Record/SP. Estou fazendo uma matéria especial para o "Jornal da Record" (20h) sobre depressão, com histórias de pessoas que estiveram com a vida por um fio. Por favor, gostaria da sua ajuda. Se possível, entre em contato: racastro@sp.rederecord.com.br // tel: (11) 2184.5329. Obrigado! Rafael Castro / Jornal da Record / Rede Record
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