16 julho 2011

Você não precisa morrer!

Este post lindo escrito pela Luz, verbaliza exatamente o que sinto com relação à vida e a morte, e o segredo para não morrer: morrer muitas vezes, renascendo sempre!

Por Luz
"Lendo o livro: "A felicidade de ser você mesmo"*, entre o tema da felicidade, e da tristeza sentida pela ausência dela, apareceu o tema da morte.
O autor contava a historia de uma senhora de 76 anos, viuva e sem filhos, que ja havia sido diagnosticada anos antes como depressiva, e ela apresentava novamente sintomas fisicos acompanhados de muita angustia diante da morte.
Cavando mais profundamente, ela descobriu que a morte a qual temia era vivenciar mais uma morte psiquica, a morte do que ela havia deixado de ser e viver, por se anular. E no dia em que ela conseguiu se assumir, com suas dores, suas perdas, sem as fachadas faceis de carregar, ela enfim descobriu que a morte fisica não era realmente o que ela temia...
O que é interessante na reflexão do autor, é que ele convém que poderiamos passar horas discorrendo sobre a morte, seus pontos de vista filosoficos ou religiosos, mas como os vivos não podem contar suas experiências pessoais com a morte sem ter morrido,"todas as emoções sentidas e exprimidas relativas à morte, tocam de uma forma metaforica os aspectos de si mesmo, interiores, psiquicos, as partes da identidade plural não realizadas, não maturas, abortadas, inacabadas, mortas, desvitalizadas"...
Pensei no meu sentimento diante da morte, e sinto total desapego quanto a idéia de "desaparecer", não tenho nenhum arrependimento ou sensação de não ter "completado" minha vida, não, ao contrario, quando penso, ja tive tantas vidas, teria muito o que contar... Enfim, se morresse hoje, puxa, que pena: tinha a vida inteira pela frente!
Contudo, não consigo mais me importar se de fato o amanhã não chegar... Estacionei no hoje e não tenho a intenção de desocupar essa vaga...
E so isso para mim tem sido um pouquinho da tal felicidade, da qual muitas vezes desviamos sem saber, quando estamos à procura dela...
Na verdade, tenho exercitado o viver somente hoje, e isso tem acalmado muito minha ansiedade de viver...
Minhas angustias se situaram sempre no viver, nunca no morrer, mas o sentido é similar... O que não quero mais é me matar interiormente, quero ser o que sinto e sou hoje, se meu corpo morrer, não tenho muita escolha, mas posso escolher não me anular, hoje sei que posso fazê-lo...
Me falta ainda poder assumir completamente minhas dores, me assumir por inteiro, como minha inspiração, mas estou caminhando, no meu ritmo, pois sou ainda muito selvagem e suporto mal os movimentos bruscos... Continuo na minha marcha, e pareço enfim experimentar uma certa continuidade, sinto seus efeitos, o que me encoraja a continuar ainda e sempre, no hoje, até que o amanhã não chegue..."

"Le bonheur d'être soi", Moussa Abati: Fayard, 2006

5 comentários:

LuZ disse...

Amore!
Ai que honra ter meu texto aqui!
Obrigada!!!
Esse livro é muito bom, tudo a ver com a idéia de que para ser feliz não ha grandes mistérios: tem que ousar ser você mesmo, não se anular e viver no presente!
E viva a vida!!!
Mil beijos no coração

Ana Maria Saad disse...

luz de mi vida!
são coisas tao simples mesmo, mas que nosso modo de vida torna complicadissimo, né! hahahaha!!
mas depois d exercicios diarios, terapias mil, a gente consegue sim!!!
sodade!!!!!!!!
e a honra é minha d ter um texto tao lindo aqui!
bjoka

Paula Rossignoli disse...

O texto é belíssimo, assim como todos os textos da LuZ. É de uma profundidade, de uma delicadeza e de uma poesia...Admiro demais vocês duas, e o blog de vocês me faz muito, muito bem. É muito bom ter “iguais” próximos a gente! Bjs para as duas.

Ana Maria Saad disse...

paula:
eeeeeeeeee!!! é bom mesmo conhecer gente que tem afinidade!!!!
valeu!!!!!
mto gostosa esta troca!
bjoka

LuZ disse...

Paula, você é uma fofura!
Obrigada!!!
Muito bom ter você por perto!
Escreva sempre porque faz muito bem!
Beijão

P.S: Ana esqueci de falar: amei as fotos! beijão!