31 dezembro 2008

O SONHO EM COMA

De volta ao Brasil, após a perda do meu super cão querido e da despedida da casa em que vivi desde a infância, a família começou a querer conduzir minha vida: o caminho profissional a seguir, como ganhar dinheiro, o certo, o errado, enfim ignorando minhas aptidões e vontades, fazendo pouco delas, esquecendo também da depressão. Estava prestes a explodir, mas tinha uma força interna que acredito ter sido reabastecida pelos meus dois anos de vivência londrina, somadas ao apoio de meus avós.
Após uma discussão inútil com minha mãe e meu irmão, um arrependimento gritante por ter voltado para o Brasil, antes de dormir fiz uma prece pedindo primeiro que a depressão ficasse afastada naquele momento de transição, caso contrário não aguentaria e segundo que se realmente fosse para eu seguir meu sonho de trabalhar com cinema que eu achasse algum curso de interepretação voltado para ele, ou desistiria e acabaria por concordar com minha família, que cinema era algo muito distante para mim. No dia seguinte de manhã, minha avó de São Paulo me liga contando que meu avô havia ouvido uma entevista na rádio com uma preparadora de atores, e que ela tinha uma escola e que meu avô achava que aquilo tinha a ver comigo. Corri para São Paulo e com minha avó fui na tal escola, era exatamente o que procurava. Tinha um curso de dois anos e um outro de quatro meses, minha mãe me aconselhou a fazer o de quatro meses, minha avó disse: faça o de dois! Me matriculei no de dois e mesmo tarde, com 24 anos, iniciava finalmente os estudos de algo que sempre quis desde a infância, mas que a depressão me afastou, já que para seguir caminho profissional tão diferente do restante da família precisava de muita vontade e ânimo para me manter firme no meu sonho, o que não tive, a doença simplesmente me anestesiou, colocou minhas necessidades e eu mesma em coma.

2 comentários:

Jamille disse...

Ana!
Descobri seu blog a alguns dias e confesso que estou encantada com o seu trabalho.
Hoje já me sinto acordada para as coisas que tenho enfrentado, lutando a anos comigo mesma para ser feliz. Resolvi buscar ajuda médica \o/
Espero que tudo fique bem para mim, porque se não fosse o medo do suicídio e o amor pela minha mãe, tal sobrevivência já não existiria.
Lendo seus depoimentos sinto como se eu mesma estivesse escrevendo: larguei a faculdade esse período, já pedi para sair do emprego, não me concentro nos estudos, não tenho SONHOS! ... enlouqueci??!!
Bem, gostaria que soubesse que me incentivou a vê q eu preciso de ajuda, que não sou a mulher maravilha para enfrentar sozinha a depressão.
Depois te conto como foi a consulta!
Só espero não chorar mais, minha cabeça já dói tanto - dia e noite - quero dormir uma noite tranquila e quero SORRIR para o sol, lua e vida ... isso é pedir muito??
Beijão

Ana Maria Saad disse...

oi jamile!
olha se t consola, saiba q hj estou mto bem!
mas foi preciso aceitar a doença, aceitar minhas limitações, buscar ajuda de varios terapeutas, mergulhar no autoconhecimento, mudar o estilo de vida... ou seja renasci, por isso me sinto mto bem!
uma doença dessas nao vem a toa e se bem aproveitada pode ser uma otima mestra! a gente fica mesmo fora do mundo, o lance é usar esse momento pra se conhecer e nao lutar contra pra se encaixar na vida normaloidica!
aprenda o que é ser ser humano, o que é ser vc em particular e vc melhorara! mas isso é um caminho longo e solitario mesmo! busque terapeutas modernos e humanos, adeptos da medicina integrativa!
c cuide!
bjoka