14 abril 2011

TENHO MEDO!

Não tenho medo de ter que abandonar o que amo fazer que é filmar e escrever; não tenho medo de recomeçar; nao tenho medo de não ter conforto (ja vivi sem, ja conheci a falta de grana); não tenho medo de ficar sem chocolate; não tenho medo de ficar sozinha; não tenho medo da síndrome do pânico; não tenho medo da minha morte, talvez tema a de algum ente querido. Mas tenho um super Medo, que só de pensar nele um nó na garganta se fecha: meu maior Medo é do mal estar, é da falta de energia que existe quando se é acometida pela depressão, meu maior Medo é que um dia ela venha no seu estado moderado e grave.
    
Faz uns poucos meses que não tenho nem oscilações que vão para o estado leve da depressão, mas se um dia me sinto um pouco estranha, sem energia, emotiva demais, irritada demais, já fico assustada, porque além de ser ruim o alarme dispara avisando que se o mal estar se intensificar um pouco, danou-se!
    Poderia racionalizar e ficar em enganado, "imagina não tenho medo! Já lidei com tantas coisas e blablabla..." mas a verdade é que morro de medo sim! O ideal talvez seria que eu nao tivesse medo, eu deveria não ter tanto medo, mas o ideal não é real e por não encarar o real, encobrindo-o com os "deveria ser assim" que fui massacrada pela depressão durante anos. E eu mesma seguindo a boiada fantasiosa me julgava fraca e frescurenta.
    Só recentemente tirando a fantasia de cena me deparei com a realidade, que se tivesse sido encarada antes eu não teria vivido assim tão mal.
    Portanto antes de tudo encare os fatos em seus mínimos detalhes, encare a realidade que por mais que doa doerá menos do que se for varrida para debaixo do tapete. Encare a sua realidade interna, sinta a raiva, a inveja e todos os sentimentos condenáveis pela nossa sociedade cristã que ignora que somos apenas seres humanos, sinta os sentimentos e emoções mais nobres também porque eles fazem parte, tudo faz parte! E assuma: tenho uma doença, que pode sim ser tratada!
     Essa é a dica que gostaria de ter escutado há uns dez anos atrás, porque eu passei anos duvidando do meu próprio mal estar e do fato de estar doente, passei anos perdida e confusa com relação a minha saude mental!
     

4 comentários:

Sérgio Paffer disse...

Talvez este medo tenha uma utilidade.Eu tenho este medo também Alyson.Tenho medo de não suportar mais a barra desta vida.Mais aí busco as coisas que me energizam e que me ajudam a conectar com meu lado saudável,luz,porque apesar do lado doente,eles coexistem.A vida é como aqueles gestos do Tai chi com as mãos e o corpo:uma sucessão de expansão e recolhimento.E,graças a Deus,podemos nos tratar,ter a condição de escolher a terapia e o terapeuta que vai nos acompanhar.Eu me sinto muito agradecido por isso e sinto profundamente e vou lutar,nem que seja,com minhas palavras,para que este acesso seja ampliado,porque o direito a uma assistência à saúde de qualidade é um direito do cidadão e um dever do Estado de garantir isso.Mas o governo deve estar mais preocupado em contar os impostos que devem estar desviando para seu uso pessoal,porque a população só lhe tem serventia nas eleições.Tenho medo de terminar os meus dias só,de passar fome,e o pior que eu acho é ter medo de ter medo.Mas e quem disse que a coragem é a ausência de medo?A coragem pra mim é saber que apesar de ter medo eu me permito ir em frente.Que,apesar de me sentir só,eu faço parte do Universo.Que se eu quiser escuto o vento e ele me responde.Que se eu respirar devagar e soltar o ar lentamente ,a calma me invade.Isto não elimina o meu temor,mas concentra a minha mente e fortalece a minha coragem,pois a calma,pode ser atingida por uma mudança no ritmo respiratório.E isso já é um fato comprovado pela ciência.Então como manter este estado,ele vai perdurar?não.e o medo,ele vai perdurar,será eterno?não.Tudo é passageiro.Mas se eu focar minha atenção repetidamente nele minha energia se concentrará e aí vou alimentar esse sentimento.Eu tenho medo,mas sei como me dar coragem.Eu abraço minha sombra com toda ternura que tenho dentro de mim e digo:"minha amiga!vc faz parte de mim.E eu te aceito como vc é.Eu não quero mais brigar com vc.vamos fazer um acordo?Vc fica me servindo como um alerta pra que eu procure a cada momento manter o meu centro,cultivar a minha paz,abrir mão de controlar,a aceitar o fluxo da vida e assim vc e minha luz chegarão a um entendimento.Porque eu abro mão de lutar.Se eu tiver de ter medo eu o terei,mas sei que não serei refém dele,porque escolho a paz.E da paz eu construo uma ponte para o amor.Do amor abro uma janela pra amizade,pra tolerância e aí,tudo se refaz,e eu me torno observador e protagonista da minha própria história.Tenho medo mas também tenho coragem e isto me tranquiliza."Namastê!

Ana Maria Saad disse...

sergio,
querido obrigada pela msg!
como sempre muito lucida e cheia de paz!
bom te-lo aq!
bjoka

Malu Calado disse...

Aninha, tenha medo, mas saiba conviver com ele sem sentir culpa ou rancor. O nosso corpo sente a doença, a depressão nos tira vontades, prazeres simples, o sono. Aparece a gordura, cai o cabelo, a magreza, a sujeira nos dentes, no corpo, na alma e sentimos que estamos apodrecendo, no lixo, prontas para o abismo...Então tenha medo, sim! E nessa hora deixe que o seu corpo se prepare para o combate. Os sintomas irão aparecer, e aí você grita, que vai ter um mundo de gente para te ouvir, minha querida!
Com muito carinho,
Malu

Ana Maria Saad disse...

falou e disse malu!!!
como sempre poeta!
obrigada bela!!!
bjoka
ps: mto bom blog, né! a gente segue se amparando virtualmente! hihihi