Depois que fui diagnosticada com depressão, passei uns dez anos ouvindo a frase: "por que será que ela tem depressão? não tem motivo...". Gente, uma doença dessa não vem do nada! O X da questão é que muitas vezes o fato de encarar os motivos reais do surgimento da Depressão implica em ter que encarar a realidade que envolve outras pessoas, ainda mais como no meu caso, em que a dita cuja me acometeu ainda criança.
E que realidade é essa a ser encarada? Que somos humanos, logo alem de acertar erramos! E devido a nossa natureza humana geralmente erramos muito mais do que acertamos, o que é saudável quando encarado de frente pois assim podemos aprender! Mas é preciso lidar com a realidade e não disfarçá-la!
Aprendi muito sobre disfarces, cresci ouvindo em casa, na escola e no centro espirita que deveria ser algo que não era: "carinhosa como fulana, estudiosa como cicrana, alegre como beltrana, etcetcetc", foram poucas vezes em que os adultos louvavam meu verdadeiro jeito de ser, minha natureza. Mas, coitados, o mesmo foi feito com eles, eles vieram desse círculo vicioso: onde o mesmo foi feito com os pais deles e assim por diante.
E eu ainda tive o agravante de ter um pai intimidador que diariamente fazia questão de ressaltar, e até inventar defeitos que não tinha. Ou seja, passei a me rejeitar.
Lembro uma vez que perguntei para minha mae, devia ter uns 9 anos, porque todo mundo gostava mais da minha prima, da mesma idade que eu, do que de mim. Porque ela era elogiada por todos como a "bonequinha de porcelana esperta" e eu... Nada! Nenhuma validação, o que reforçava o que já sentia: eu não tinha valor. Minha mãe não deu muita bola para minha pergunta, aliás como fazia com tudo.
Mas eu estava disposta a mudar e ser alguem querida, mesmo porque ouvia de todos os lados que era preciso mudar, ser melhor, ser como fulana, cicrana, beltrana... Assim introjetei a repressão em mim e “repressão é viver uma vida que não era para você viver. Expressão é vida: repressão é suicidio”.
Eu passei a ser a pessoa “madura”, "conselheira", “responsavel”, "independente", ou "rebelde", "intransigente", interpretava diferentes personagens e aquela raiva que sentia por me desrespeitarem foi reprimida: nao dava bola para ela, fingia que ela não existia. Aliás, todos os sentimentos e emoções que me ensinaram serem ruins: tristeza, raiva, inveja, angustia, medo, etcetcetc, fingia não existirem, reprimia tudo e eles foram morar no meu porão - o inconsciente - e aí danou-se! Todos eles passaram a me influenciar dali, sem eu saber!
Conforme fui crescendo passei a me entulhar com muitas informações, regra e normas, buscando alguem que me desse uma direção, porque eu não me achava e quando a gente está longe do nosso ser, ao inves de seguirmos nossa natureza, nosso coração, buscamos lideres, buscamos alguém que nos diga o que fazer e como viver nossa própria vida. Mas eu não achei ninguem, ainda bem!
Até que graças ao cinema e as terapias pude limpar todo o entulho que estava em mim para poder finalmente ver o que sou! Claro que depois de MUITA limpeza: tirei os sentimentos e emoções que foram guardados no porão, extravasei toda a raiva, inclusive aquela que descobri ser a mais forte: raiva dos adultos que não me ajudaram a desenvolver meu potencial, que me negligenciaram. E ainda nesse processo terapeutico, hoje continuo me conhecendo a cada dia, eu ser humano, com tudo o que tenho direito!
Filme "Preciosa" mostra de modo extremo como algumas pessoas não tem condição de criar uma criança! |
No meu caso acabei desenvolvendo uma doença grave que quase me matou por conta da imaturidade de adultos que supostamente deveriam ter me ajudado a desabrochar. Por isso que hoje em dia se alguem quer ter filho, o planeta já esta superlotado mas se mesmo assim a pessoa ainda quiser, que pense primeiro na propria relação consigo mesmo; que va fazer terapia para se conhecer, que vá a fundo em si para que possa entao desempenhar o papel de pai/mãe, que é ajudar aquele novo ser a desenvolver seus próprios potenciais!
Afinal, não é porque a pessoa não chegou ao extremo de uma doença mental que ela não precisa de terapias e meditação para se conhecer!
PS: minha médica, que já teve depressão e síndrome do pânico também, uma vez disse: depressão e síndrome do pânico tem muito a ver com a raiva e outros sentimentos/emoções que são reprimidos. Chega uma hora que a gente não aguenta e as doenças explodem!
PS: minha médica, que já teve depressão e síndrome do pânico também, uma vez disse: depressão e síndrome do pânico tem muito a ver com a raiva e outros sentimentos/emoções que são reprimidos. Chega uma hora que a gente não aguenta e as doenças explodem!
5 comentários:
Puxa, como eu conheço essa história.
Fiz a mesma pergunta para minha mãe numa noite de Natal: porque você gosta menos de mim do que dos meus primos? A resposta: "Pára de bobagem, pára de inventar coisas..." Virou as costas e foi falar alguma coisa divertida para... os meus primos...hehe...
Minha mãe tinha outra máxima, que disparava sempre que eu precisava conversar sobre a tristeza que estava sentido: "Felicidade é uma questão de TREINO, você treina para ser feliz e fica feliz."
Então tá né... hehe
mas eu fiz a mesma coisa que você, virei um menino super inteligente, super maduro, que cuidava de todo mundo, ajudava a todo mundo... Hoje estou desfazendo tudo isso. E as pessoas da minha família levam um susto quando digo: cala a boca todo mundo que agora EU ESTOU COM UM PROBLEMA E QUERO FALAR! acho que sua médica tem toda a razão.
Adorei passar por aqui!
sorte, Ana!
beijos
valeu rebeca! amei seu blog!!!
e rick treine bastante, hein! hihihihih
mas compreendo até essa mentalidade, a maioria de nos humanos ainda é mto imaturo, talvez se eu nao tivesse tido depressão tb fosse...
e se ate algumas pessoas q tem a doença nao querem tocar no assunto, imagina quem nao tem! por isso que a gente tem que falar! vamos treinar a fala! hahaha
bjoka
engraçado como sentimos uma coisa e o/a filho/a,em criança,(até adulto),pensa q estamos sentindo outra...Sempre a achei,filha querida,uma menina mto diferente,segura de si,autêntica,q só fazia o q achava correto.Tanto é assim q aos 5anos,deixava q vc fosse à loja, com um motorista q transportava vc e suas irmãs e irmão p/ a escola,p/ comprar roupas, sòzinha,já q vc escolhia todas,era mto econômica e voltava só com algumas,dizendo,''está tudo mto caro!''Aos 5 anos!!Eu achava incrível, como tbém qdo vc ia no quarto do bisavô ,q morou uns tempos conosco,dizendo q iria conversar com ele.E conversava mesmo,mto.Todos nós íamos lá observar seu jeito,aliás mto incomum para tão pouca idade.Enfim nós a admirávamos!Todas as irmãs e irmão adoravam qdo vc fazia a prece em nossas reuniões familiares de estudos espíritas,se oferecia p/ fazê-las e pedia por todos e cada um ,bem alto,em favor das crianças q sofriam,doentes,etc e ''discursava''naquelas preces a ponto de uma das irmãs ter ataque de riso e ...vc,impávida prossegui a prece,feito um discurso,q encantava a todos e a mim.Assim tbém qdo pegava um microfone,cantava,falava e de repente,resolvia desfilar pela sala,fazendo seu avô morrer de rir e pedir repetição.Vc ,ignorando tudo repetia a cena.É atriz,mesmo.Eu a achava segura e feliz e amada e admirada por todos nós,sua família.Pena q não é o q vc sentia sobre nós.Amo vc.Bjos
mamis,
fiz um post em resposta a seu comentario!
bjoka
http://depressaoassassina.blogspot.com/2011/02/para-minha-mae.html#more
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