07 julho 2009

DEVANEIOS

Antes de dormir muitos pensamentos sobre minha vida, a depressão. Muita coisa bacana que eu sabia que se não anotasse esqueceria, como de fato aconteceu. O que me força a comprar um caderninho novo para deixar do lado da cama, preciso documentar o trabalho que meu cérebro cansado tem, caso contrário ele se vinga. Agora quero simplesmente escrever sober a doença... Sobre as pessoas depressivas que somente elas sabem o que é viver com tal patologia; Sobre o ensaio feito e jamais terminado para poder ir no supermercado da esquina; Sobre o conflito interno que surge de ter que encarar outras pessoas para falar um simples "bom dia";
 Sobre os momentos de melhora que nos distanciam tanto do mal estar a ponto de nem mesmo, nós depressivos, sabermos mais o que é depressão, até que ela vem nos fazer uma visita; Sobre o bem que a doença pode fazer quando olhamos para dentro e nos livramos de nossas cobranças e preconceitos com a gente mesmo e mergulhamos no auto-conhecimento, resignificando a propria existencia; Sobre o se desculpar por estar ultra negativa e as vezes sem querer descontar em alguem a negatividade; Sobre o falar no assunto com naturalidade, principalmente para aliviar a alma e quem sabe abrir os olhos daqueles sortudos que não tem idéia do que essa doença é, dando-lhes a chance de ao menos entender... Sobre eu ir começar um curso com pessoas, o que exige muito de mim não pelas pessoas, apesar de ser depressiva acredito que a maioria é do bem, mas para a minha pessoa é muito dificil ter que interagir com as pessoas dos outros. E para terminar: minha vida é como se eu tivesse caído dentro do meu abismo, as vezes me escoro em algum galho, noutras em uma pedra... Quando tem queda livre ora sinto adrenalina pura, ora desespero. O fato é que uma vez que comecei a cair, não tem volta! Que meus semelhantes da depressão não desistam, somos numerosos e a união faz a força, né!

Um comentário:

Tê Barretto disse...

Lindinha, o seu caderninho interno funciona e muito bem. A consciência da dor e da dúvida entre recuar e saltar desse abismo diário é o que nos mantém. Vomite mesmo, solte os bichos, mas siga. No seu passo, no seu tempo. Bjo.