02 dezembro 2010

DETALHES DA TERAPIA DO AMOR I

Há tentativas de se explicar o que é essa técnica terapêutica tão eficaz, mas nenhum texto dará a real dimensão do que ela realmente é. Somente experimentando...

Por Thays Prado
"Do lado de fora, parece sempre mais fácil compreender uma situação, porque temos acesso a diferentes pontos de vista. Durante a prática da Constelação Familiar, se conseguirmos deixar o ego, o orgulho e nossas certezas um pouco de lado, iremos enxergar com mais clareza a mesma história por diferentes ângulos e perceber a complexidade que envolve as relações e as escolhas humanas.

A Constelação parte de um sintoma, de uma questão específica trazida pela pessoa. Vamos investigando até achar, no passado, onde está a raiz do problema", explica Katia. Realizada em uma única sessão, a Constelação pode ser feita individualmente ou em grupo. No primeiro caso, o paciente escolhe bonequinhos para representar alguns membros de sua família e os dispõe em um espaço, como achar mais adequado. Na sessão em grupo, escolhem-se pessoas para representar o paciente e seus familiares.
Posicionados no centro de uma sala, ou mesmo em um palco, aqueles que aceitam participar da Constelação procuram esquecer seus juízos de valor e conceitos preestabelecidos e se entregar ao que vai acontecendo. Lentamente, eles começam a expressar sentimentos, emoções, características peculiares e até sensações físicas de quem estão representando, mesmo sem conhecê-los pessoalmente, sem nunca terem ouvido nada sobre esses indivíduos e independentemente de eles estarem vivos ou não.
Não se trata de incorporação, canalização ou teatro. No procedimento, os representantes apenas se conectam com certas informações contidas no campo energético da família em questão. Katia ainda diz que, para acessá-las, basta se concentrar e ter a intenção, não é preciso ser especialista, sensitivo ou possuir algum tipo de mediunidade.
Esse é o ponto mais criticado da Constelação. Afinal, como saber se as pessoas estão, de fato, manifestando algo da família constelada ou apenas expressando questões pessoais? Segundo a psicoterapeuta, o que nos permite acessar o campo de uma família é o fato de os seres humanos terem a mesma constituição psíquica, ou seja, nós temos, internamente, a mesma variedade de sentimentos possíveis, que vão desde amor e perdão até ódio e desejo de matar. "Ao entrar no campo familiar, o sentimento ativado no representante é o correspondente ao do familiar representado", explica.
Bert Hellinger (criador da técnica de Constelação) diz que, pela Constelação, é possível conectar-se a uma realidade que não seria percebida apenas pelo pensamento. Como isso ocorre? O terapeuta diz que não se preocupa muito com explicações teóricas posteriores. "Eu vejo que essas coisas acontecem. Não preciso de explicações para poder trabalhar."
Por isso, além de permitir que os sentimentos negativos registrados no campo familiar venham à tona e possam ser trabalhados, o papel do constelador é incentivar as pessoas a sair do movimento do ego, imaginando racionalmente qual deveria ser a solução adequada para o caso, e fazer o movimento da alma, que é simplesmente deixar o processo acontecer por si, rumo à melhor saída possível. "A alma sempre busca a reconciliação e o amor", diz Katia Abutara.
Hellinger diz que percebe claramente quando encontrou desfecho para a questão constelada. "Vejo na expressão do rosto dos representantes, pois as fisionomias se iluminam e todos ficam descontraídos. Na terapia familiar, a solução é a que satisfaz os membros da família, quando cada um está na posição certa,a ceita o lugar que lhe cabe, ocupando seu espaço sem interferir na vida dos outros. Todos veem reconhecida a própria dignidade e se sentem bem. Essa é a solução."

Fonte: Revista Bons Fluidos de novembro de 2010


Nenhum comentário: