11 setembro 2008

SUICÍDIO


O suicído era uma escultura tão enorme e imponente que nem conseguia enxergá-la. Ela estava lá, podia apalpá-la acreditando ser apenas uma massa de cimento. Somente agora sobrevoando meu passado avisto sua forma. É dele!
Se de fato tivesse tido sucesso nas tentavias suicidas jamais os entes queridos saberiam da aflição que dirigia minha vida a ponto de exterminá-la. Seria mais um daqueles casos em que as pessoas dizem: "nossa fulana se matou do nada!". Não, ninguém se mata do nada, ninguém desiste desta chance assim, por puro capricho. Os suicidas em potencial adiam suas partidas até onde os nervos aguentam, talvez incoscientemente buscando um motivo para ficar, mas diante de tantos outros para partir a maioria vence e assim o fato é consumado. As aparências enganam, o universo íntimo é misterioso até mesmo para seu dono, quanto mais para os olhos alheios. E às vezes basta ser sugado por um buraco negro para desistir.

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