21 novembro 2011

Questão Social


Uma vez um terapeuta me disse que os transtornos mentais não são uma questão social, e eu discordei, obviamente! O meio em que vivemos tem o poder de nos adoecer (epigenética), você pode ter uma genética favorável a depressão mas o que a fará se manifestar é o ambiente em que você vive: as relações, os condicionamentos (culturais, sociais, de educação), e principalmente o que está acima de tudo: o sistema financeiro, a economia, que nos coloca escravos de uma coisa: o dinheiro! 

Agora imagine adultos fazendo filhos e os enformando para se encaixarem nesse mundo... Está na hora de assumir que esses transtornos são sim uma questão social e que não é apenas com um remedinho que as pessoas melhorarão e que não é porque você não tem uma mente perturbada que não deve se importar...
Abaixo um artigo da Unicamp ótimo para quem tem filhos!
Doenças inventadas
"Nós estamos vivendo um momento na sociedade e no mundo em que a vida está sendo muito medicalizada. Medicalizar é transformar, artificialmente, problemas coletivos, de ordem política, social, cultural e de educação em doenças individuais.
"Hoje, não existe mais tristeza, só depressão. A criança que tem um comportamento que não satisfaz ou incomoda os adultos, é transformada em doente. Quando se busca a comprovação dentro do rigor da ciência médica, isso não existe".
Este alerta foi dado pela médica e pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Maria Apparecida Moysés, durante a abertura do Fórum "Educação Medicalizada: dislexia, TDAH e outros supostos transtornos".
Medicalização
A aprendizagem e os modos de ser e agir - campos de grande complexidade e diversidade - têm sido alvos preferenciais da medicalização.
A medicalização controla e submete pessoas, abafando questionamentos e desconfortos, oculta violências físicas e psicológicas, transformando essas pessoas em "portadores de distúrbios de comportamento e de aprendizagem".
"Quando a criança tem uma dificuldade ou modo de comportamento diferente, é muito simples você dizer que é uma doença e dar um remédio. Essa criança, muitas vezes, está vivendo um conflito nas relações entre pessoas do entorno dela. Precisamos enxergar isso", disse Apparecida Moysés.
Diagnósticos incorretos
Quase 75% das crianças e dos adolescentes brasileiros que tomam remédios para déficit de atenção não tiveram diagnóstico correto, segundo um estudo realizado por psiquiatras e neurologistas da Unicamp, USP, Instituto Glia de Pesquisa em Neurociências e Albert Einstein College of Medicine (EUA), apresentado no 3º Congresso Mundial de TDAH, ocorrido na Alemanha.
A pesquisa colheu dados de 5.961 jovens, de 4 a 18 anos, em 16 Estados do Brasil e no Distrito Federal.
"Essas crianças não deveriam estar tomando medicação e estão," disse a psicóloga da USP de São Paulo Marilene Proença R. Souza, que promove nesta sexta (11), em São Paulo, juntamente com o Conselho Regional de Psicologia, o II Seminário Internacional: a educação medicalizada - dislexia, TDHA e transtornos.
Medicalização da educação
Carmen Zink, da Coordenadoria Geral da Unicamp (CGU), destacou ser importante a participação de pedagogos, professores e pais na discussão da medicalização da educação.
"Houve um deslocamento de responsabilidade e precisamos ouvir o que a área da saúde tem a dizer", disse Carmen. "As mudanças que aconteceram na história da humanidade foram pelos questionamentos, sonhos e utopias. Ao medicalizar, estamos abortando um futuro diferente, sem criatividade", concluiu Apparecida Moysés.
O assunto tornou-se uma preocupação mundial da classe médica. Preocupados com os diagnósticos ligeiros, médicos europeus emitiram novas regras para uma das medicalizações mais comuns...

6 comentários:

Anônimo disse...

Assino embaixo!!! Mas infelizmente não faz parte dos interesses do sistema que as pessoas sejam completamente capazes, é muito mais tranqüilo pra eles formar massa para manobras...
Eu acompanho teu blog há bastante tempo, só nunca comentei... Também sofro de depressão, já foram 6 anos e meio que a depressão me roubou... Atualmente, estou bem e lutando pra dar meus passinhos bem devagar pra construir uma melhora permanente... Beijão e se quiser conhece meu blog:
http://euebotoesj.blogspot.com/
Joice

Ana Maria Saad disse...

oi joice!
vi seu blog, mto belo!
e antes achava tb q a depressão tinha me roubado a vida, mas hj vejo q ela me apresentou a verdadeira vida!
a depressão é um despertador de bem aproveitada, né! nos acorda para q a gente nao seja mais uma ovelinha no meio do rebanho!
bjoka

Anônimo disse...

Olá Ana Maria;
Acabei de descobrir que tenho depressão. Acho que começou na infância, mas somente depois de uma consulta com o psiquiátra que tive esta semana, é que fiquei sabendo.
Na verdade, sempre tive muito medo dessa doença e, talvez por isso demorei para assumir.
Adorei seu Blog, seu site, suas entrevistas e peço PELO AMOR DE DEUS, continue com seu trabalho. Você é muito importante para o mundo!!!
Bj e fica c/ Deus!

Ana Maria Saad disse...

é anonimo, encarar nossos medos ajuda mto! tdo q eu smepre tive mais medo foi pq de alguma forma era coisas q teria q enfrentar!
e mto obrigada pela msg de apoio! pq esse nosso trabalho requer mta determinação nessa nossa sociedade sonambula! mas qdo a gente ecnontra gente assim como vc q tem afinidade com nosso trabalho, isso nos motiva demais!!! c cuide! e er depressão pode ser mto bom, por um lado!
super bjoka

Abel Sidney disse...

Como estudioso do fenômeno do suicídio (http://conhecerparaprevenir.blogspot.com/) sei dos vínculos entre suicídio e depressão, como também sei o quanto a prevenção é fundamental - e prevenção é, em grande parte, esclarecimento!

Você, Ana Maria, tem feito um belo trabalho neste sentido utilizando a arte-educação.

Sigamos todos firmes!!
Abraços, serenas festas e boas perspectivas para o ano vindouro

Ana Maria Saad disse...

valeu abel!!!

e vamos juntos!!! vc tb tem feito um otimo trabalho de esclarecimento!!!!
vamos q vamos!
bjoka